sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Clube que teve Michael Jackson como dirigente prefere lembrar Dunga


O Exeter City é um clube inglês que nunca passou da Terceira Divisão mas seus torcedores têm mais histórias para contar do que os de muitos times grandes pelo mundo afora. Por exemplo, quem mais pode se gabar de que a seleção brasileira foi criada para enfrentar o seu time? Alguém se lembra de outro clube que teve Michael Jackson como dirigente? A primeira história é lembrada com orgulho na cidade de pouco mais de 100 mil habitantes no sudoeste da Inglaterra. A segunda, não. O julgamento do ex-médico do cantor, acusado de causar involuntariamente a morte de Michael, não merece muita atenção em Exeter.

Michael Jackson virou diretor honorário do Exeter City graças a um convite de um amigo dirigente do clube e, assim como ele, uma pessoa sem qualquer vínculo com o futebol. Uri Geller é um ilusionista israelense que fez fama mundial nos anos 70 por causa de seus supostos poderes paranormais – o mais marcante deles, a capacidade de entortar talheres, fez com que o ponta Júlio César, do Flamengo, ganhasse o apelido Uri Geller pela maneira como driblava os adversários.

Em 2002, Geller, o original, virou co-presidente do Exeter City. O motivo, segundo ele disse na época, foi o fato de seu filho Daniel ser um torcedor fanático do clube e “ter vivido na cidade em vidas passadas”. Ao assumir o cargo, com Daniel como vice-presidente, Geller passou a convidar amigos famosos (e outros nem tanto) para ajudar a promover o Exeter City e botar o time nas manchetes.

- Ele aparecia no vestiário antes do jogos e entortava garfos na frente do time. Virou um circo. Até o Darth Vader apareceu – disse Steve Flack, ex-atacante e um favorito da torcida nos anos difíceis do clube.

O Darth Vader era David Prowse, o ator que interpretou o vilão nos filmes “O Império Contra-Ataca” e “O Retorno de Jedi”. Ele costumava assistir aos jogos do Exeter City, coisa que Michael Jackson não chegou a fazer. A visita do cantor aconteceu em junho de 2002, com o campeonato já terminado e atraiu uma multidão ao Estádio St. James Park mesmo debaixo de chuva, num evento para ajudar o clube e instituições de caridade. Michael fez um discurso pedindo paz no mundo e ajuda na luta contra doenças como a Aids e a malária. Falou também sobre futebol, mas errou na previsão.


- A Inglaterra vai ganhar a Copa, eu acredito. Só uma última coisa. Eu não sei nada sobre esportes, mas eu acredito em vocês. Estou feliz e orgulhoso por estar aqui, obrigado Exeter FC, obrigado grande Uri Geller.

No mês seguinte, o clube anunciou que Michael Jackson havia aceito o cargo de diretor honorário e que, com isso, teria direito a entrar de graça em todos os jogos do Exeter e acompanhar o time em viagens. Ele não fez uma coisa nem outra. Ao fim da temporada 2002-2003, o Exeter City foi rebaixado para a Conferência, isto é, a Quinta Divisão do futebol inglês e a primeira fora da liga profissional. Geller foi embora antes mesmo de o campeonato terminar. Afundado em dívidas, o clube quase faliu. Os dois outros dirigentes da cúpula do clube, John Russell e Michael Lewis, foram presos. O segundo teve a pena transformada em serviços comunitários, mas Russell pegou 21 meses de cadeia por transações fraudulentas.

O Exeter City retornou à liga profissional em 2008 e já no ano seguinte subiu à Terceira Divisão (chamada League One), onde segue jogando. A passagem de Michael Jackson hoje em dia divide opiniões. Se por um lado traz a lembrança de uma fase terrível do clube, por outro, para quem nunca foi além da Terceirona, não deixa de ser uma maneira de tornar-se conhecido. Mas o fato que realmente orgulha os fãs dos Grecians é o de o Exeter City ter sido o primeiro adversário da seleção brasileira, no distante 1914.

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